X JORNADAS DEL GRUPO IBÉRICO DE ARACNOLOGÍA Os Escorpiões do género Buthus Leach, 1825 na Península Ibérica: novos dados de distribuição, morfologia e diversidade genética. Pedro Sousa (1,2*), Elsa Froufe (2), António M. Santos (1,2), Paulo C. Alves (1,2) & D. James Harris (1,2) 1 CIBIO, Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos, Campus, Agrário de Vairão, P- 4485-661 Vila do Conde, Portugal; 2 Departamento de Zoologia e Antropologia, Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, 4099-002 Porto, Portugal. *e-mail: prsousa@gmail.com Na Península Ibérica conhecem-se três géneros autóctones de escorpiões, distribuídos por três famílias distintas: Belisarius Simon, 1879 (Chactidae Pocock, 1893), Euscorpius Thorell, 1876 (Euscorpiidae Laurie, 1896) e Buthus Leach, 1815 (Buthidae C. L. Koch, 1837), embora apenas este ultimo tenha uma distribuição alargada na Península. A sistemática do género Buthus sofreu grandes modificações nos últimos anos. Em 1952 apenas cinco espécies eram aceites neste género, sendo actualmente aceites como válidas 30 espécies, mais de metade das quais descritas na última década. Este género distribui-se pelo Sul da Europa (Península Ibérica e França), Norte de África e Médio Oriente. Em 2003, Gantenbein & Largiadèr propuseram a primeira filogenia do género baseada em marcadores moleculares. Estes autores encontraram três linhagens genéticas na Península. Quase simultaneamente, Lourenço e Vachon (2004) descreveram duas novas espécies para a Península Ibérica: B. ibericus (região de Cádiz) e B. montanus (Sierra Nevada). No estudo agora apresentado foi analisado o gene mitocôndrial CO1 para obter uma filogenia mais precisa do género Buthus na Península Ibérica. Os resultados obtidos corroboraram e ampliaram as conclusões sugeridas por Gantenbein & Largiadèr. Além das três linhagens genéticas já conhecidas, duas novas linhagens foram encontradas na Península. Devido à dificuldade na obtenção de exemplares de B. montanus não foi possível determinar se alguma das linhagens conhecidas corresponde a esta espécie. Adicionalmente, foi observada uma elevada diversidade genética em B. occitannus e B. ibericus. O estudo morfológico de B. occitannus e B. ibericus permitiu distinguir ambas as espécies através de caracteres diagnósticos não explorados pela bibliografia existente. As duas espécies possuem dimorfismo sexual na razão comprimento/largura da pinça do pedipalpo (PCr); surpreendentemente esse dimorfismo é expressado de forma diferente nas duas espécies: os machos de B. occitanus possuem um valor de PCr maior que as fêmeas enquanto em B. ibericus são os machos que possuem menor valor de PCr em relação às fêmeas. Com o estudo de exemplares de Portugal e de várias localidades de Espanha (pertencentes ao Museo Nacional de Ciências Naturales de Madrid) foi também possível aprofundar a distribuição conhecida do género na Península Ibérica. Os resultados indicam que existe uma sobreposição apenas parcial de B. ibericus e B. occitannus, com a primeira espécie presente na zona ocidental e a segunda presente na região oriental da Península Ibérica. A zona central da Península parece funcionar como zona de contacto para as várias espécies de Buthus, sendo a região Sul de Espanha particularmente interessante por ai se encontrarem representadas as cinco linhagens genéticas conhecidas |